Por Vera Marini - saberterapeutico@gmail.com
Ainda hoje há o pensamento generalizado de que a menopausa, para a Medicina Ocidental (MO) é uma moléstia de privação e que a mulher a partir dos 45 anos deveria ser medicada em função da relação menopausa-patologia.
Essa condição específica de uma parte da vida feminina não tem nada a ver com doença. Somente as queixas físicas estão relacionadas à deficiência de estrogênio, as demais queixas relacionam-se ao estilo de vida, muitas vezes por opções feitas ou desconhecimento, que antecede o período menopáusico.
O funcionamento do corpo, da psique e da energia feminina, vem sendo negligenciado e tratado como se este fosse igual ao masculino aqui no ocidente, inclusive pelas próprias mulheres, que buscam estar mais de acordo com os papéis sociais que lhes são exigidos afastando-se de sua essência feminina, apesar dos sinais e avisos manifestados.
O corpo feminino prepara-se a cada mês para gerar e quando isso não acontece perde sangue através da menstruação. Na concepção doa sua essência para o bebê que irá nascer, antes, durante e após a gestação, por essa razão têm necessidades diferentes do corpo masculino.
Mulheres jovens, em fase reprodutiva e que não passam pela falta de estrogênio, desconhecem que isso irá acontecer, não só pela falta de hormônio, mas também pela falta de cuidados essenciais na juventude que mantenham sua energia vigorosa e vibrante no envelhecimento.
A preocupação em ganhar dinheiro para obter bens, status, títulos ,reconhecimento social e até mesmo por auxiliar seu companheiro(a) a conquistar o sonho de bens materiais almejados, tem levado inúmeras mulheres e seus companheiros(as) a não refletirem sobre o custo-benefício da opção por esse estilo de vida.
Nas mulheres ocidentais que sofrem pressões para alcançar posições na sociedade, num esforço sem precedentes na história feminina, causado pelas exigências sociais, vem trazendo para as mesmas vários sinais de desconforto físico, mental e emocional, pois não há tempo para si própria e para usufruir de uma vida familiar.
Trabalhando longas horas por dia, chegando em casa após um período estafante de exigências profissionais, a mulher se vê ainda diante de tarefas domésticas por fazer, assumindo dupla e algumas vezes, tripla jornada de trabalho.
Esse estresse interfere no funcionamento metabólico que é responsável pela base da vida, a manutenção, o crescimento, a reprodução e as estruturas das células, adequando as respostas físicas ao ambiente.
Do ponto de vista de Medicina Tradicional Chinesa (MTC), quando o corpo de uma mulher é jovem e saudável, produz sangue em superabundância, mais do que o necessário para funcionar e manter boa saúde, sendo assim há o transbordamento desse sangue, a cada 28 dias, gerando o fluxo menstrual.
Aproximadamente aos 40 anos esse ciclo de superabundância começa a declinar significando que há necessidade de economizar sangue, época em que inicia a menopausa, pois sabiamente, o mecanismo homeostático do corpo feminino não permite mais que este seja desperdiçado.
Para a MTC a menopausa, causada pelo cessar da produção de estrogênio, está relacionada à preservação da vida e saúde por pelo menos 20 a 30 anos ou mais, diminuindo o envelhecimento e prevenindo perdas desnecessárias.
Quando mulheres e seus(suas) companheiros(as) compreendem esta situação, ambos são beneficiados pelo envelhecimento saudável, harmonioso e vigoroso, já que a essência feminina está sendo preservada para os anos plenos de saúde e felicidade que virão.
Mas qual a razão de os companheiros(as) estarem sendo mencionados aqui? Porque a maturidade da mulher é a época do usufruto, ou seja, momento de gozar de um bem que em verdade é da mulher, mas que os(as) beneficia pela presença de uma companheira saudável, vivaz, com experiência de vida considerável, conseguindo assim mais vida em seus dias de vida.
No caso da mulher, a somatória de menstruações mensais, gestações, partos, falta de descanso, sobrecarga de trabalho, hereditariedade, sedentarismo, dieta irregular ou inadequada, vão desgastando a essência, a energia e a mente.
Todos esses fatores são considerados pela MO mas ainda não são totalmente reconhecidos como causa dos desconfortos fisiológicos tanto quanto o hipoestrogenismo.
Outra questão é a utilização do mesmo princípio de tratamento para as mulheres com foco na diminuição dos problemas vasomotores, na prevenção da perda de massa óssea com a terapia de reposição hormonal.
Na MTC o princípio de tratamento é individualizado, além de focar nos sintomas do hipoestrogenismo, considera a profilaxia para evitar o desenvolvimento de futuros desequilíbrios ou agravamento dos existentes.
A crença errônea de que a mulher esteja no final de toda e qualquer possibilidade produtiva, criativa e inovadora precisa ser erradicada iniciando-se pela conscientização das próprias mulheres.
Há a importância de os médicos conscientizarem suas pacientes desde a juventude sobre essas condições e também das mulheres saberem ouvir essas informações.
A mulher quando jovem quer falar de vida, planos futuros, está acostumada a pensar no aqui e agora, mas ao longo do tempo, quando despojada das energias essenciais que deveriam mantê-la saudável na velhice, paga um preço considerável pela falta de autocuidado, com o surgimento de doenças que poderiam ter sido evitadas.
Bibliografia recomendada
Marini, Vera. Síndrome Menopáusica: diagnóstico e tratamento pela Medicina Tradicional Chinesa.
Wolfe, HL. Menopausa saudável na Medicina Tradicional Chinesa. Ed. Andrei. 1992
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