Por Eliana Alaby / 15.02.2021 / eaa.as.psi@gmail.com
O Carnaval é uma das festas mais populares do Brasil, ocorrendo normalmente em fevereiro ou início de março.
Essa celebração se faz através dos desfiles de escolas de samba, blocos de rua, combinado com serpentinas, confetes e máscaras, as pessoas se fantasiam em busca de uma identidade mais liberta e realizadora.
No Rio de Janeiro, o carnaval de rua é designado pela Guinness World Records como o maior carnaval do mundo.
A pandemia em 2021, impactou consideravelmente os famosos desfiles que concentram turistas dos quatro cantos do mundo para apreciar a beleza da festa, da alegria e das alegorias. O ponto facultativo em algumas cidades do Brasil foi suspenso para evitar aglomerações e viagens.
No Brasil a indústria do samba programa-se durante o ano todo para essa apresentação e, sendo assim, o cancelamento dessa festividade, além do prejuízo financeiro, leva a frustração e desesperança para muitos dos envolvidos, mas alívio para outros em virtude da situação pandêmica que estamos vivenciando no momento.
Lembro-me que em 2014, propus uma atividade para um grupo de terceira idade, do qual era coordenadora, cuja tarefa era descrever o carnaval do passado e o da atualidade, buscando como fonte de informação sua trajetória, os aspectos importantes, conversa com os amigos, filhos e bisnetos sobre o tema, leitura sobre o assunto em revistas, jornais e livros além de rever registros fotográficos pessoais desses momentos.
Muitas preciosidades surgiram: diálogos, fotos antigas, imagens da internet com carros alegóricos, blocos de carnaval, lança perfume, desfiles luxuosos e até mesmo situações de violência.
As memoráveis marchinhas do passado, Mamãe eu quero, O teu cabelo não nega, Sassaricando, Bandeira branca, As águas vão rolar, que muitos jovens desconhecem, resgataram lembranças da mocidade, dos bailes, dos flertes que estavam adormecidas, num misto de nostalgia e saudades.
Ao fazermos um estudo comparativo entre o carnaval do passado e o atual, concluímos a ocorrência de diversas mudanças. O pior que acontecia naquela época, era ser atingido pelo sangue do diabo, um líquido que, quando jogado na roupa dos foliões, deixava manchada de vermelho, desaparecendo conforme evaporava ou o lança perfume, um produto desodorizante em forma de spray que surgiu no carnaval brasileiro em 1904 e era utilizado sem qualquer intenção de causar malefício; foi proibida em 1961, após a constatação de alguns casos de acidentes e intoxicações. As brincadeiras eram mais saudáveis, o carnaval era divertido, sem violência. Hoje, é repleto de uma aura de sensualidade e permissividade com a justificativa de que é carnaval.
Quem morava no interior e frequentava o clube local, ou na cidade e acompanhava os corsos e carros alegóricos, usufruiu de belas lembranças.
Os anos se passaram, as músicas mudaram, surgiram as escolas de samba e a indústria do carnaval, movimentando milhões em dinheiro e a concorrência, nem sempre leal. As fantasias diminuíram de tamanho, mas será que a alegria é a mesma?
Mudamos nós ou foi o carnaval que mudou?
Nos dias atuais, somos mais consumistas, desejosos de ter e às vezes nos esquecemos de ser. Será que estamos buscando nossa felicidade no exterior?
O Carnaval mudou, inovações tecnológicas ocorreram.
Até que ponto a indústria das fantasias e emoções consegue ativar motivações psicológicas e até mesmo patológicas, para justificar o consumismo excessivo, o uso de drogas lícitas ou ilícitas, sexo descuidado e outros abusos? Queremos liberdade sem medir consequências?
Nesse momento de mudança, com o cancelamento das festividades, sinto ser importante refletir sobre a mensagem que o estudo comparativo entre o carnaval do passado e o atual revela, referente às mudanças comportamentais do ser humano, tendo como hipótese, a busca desenfreada pela felicidade e liberdade que todos almejamos.
Sugestão de leitura
- Carnaval. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval
- Lança perfume. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lan%C3%A7a-perfume
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